A Escolha de Sofia (Sophie´s Choice, 1982)


Não havia possibilidade de, em 1983, Meryl Streep não sair da cerimônia do Oscar sem sua estatueta de Melhor Atriz, e assim ocorreu. Desde então ela vem sendo... Meryl Streep, sempre imbatível e melhorada. Não há no mundo, por mais remota que seja a distancia, alguém que já não tenha batido os olhos em um de seus trabalhos; ela é uma unanimidade. “A Escolha de Sofia” foi o filme que contribuiu para sua celebridade, pois provou que ela estava acima da média das atrizes de sua época – e de qualquer época, diga-se. Com o passar dos anos já é notável seus maneirismos (e eles existem, é fato), mas tais características já foram tão absorvidas por todos nós que Streep agora é prata da casa, faz parte da mobília do coração de qualquer cinéfilo.
No drama ela interpreta Zawistowska, uma imigrante polonesa sobrevivente de Aushiwitz que busca reconstruir o que restou de sua vida nos Estados Unidos. Sofia têm um passado critico e cheio de momentos de desgraça, e só piora sua situação o fato de se envolver com um homem ambivalente e desequilibrado como Nathan (Kevin Kline), que, aliás, foi quem a resgatou da morte no momento em que ela estava mais debilitada. Nathan é ao mesmo tempo fascinante e absorvente, conseguindo tirar de Sofia o que ela tem de melhor, mas também jogá-la na mais profunda agonia. É uma relação turbulenta e praticamente intransponível para quem está olhando de fora. No caso do casal a testemunha ocular é Stingo (Peter McNicol), jovem escritor sulista que chega ao Brooklin e aluga um quarto na mesma pensão em que mora Sofia.
É Stingo que consegue arrancar de Sofia o passado que ela tanto quer esquecer, mas do qual não consegue se desvencilhar, tão entranhado ele está em sua lembrança. E as cenas em que destrincha passo a passo de sua tragédia pessoal são de uma profundidade que até hoje só vi nos olhos de Kate Winslet em “O Leitor”. Ambos os filmes tratam das conseqüências pessoais da 2ª Guerra e ambos o fazem através do desempenho de suas atrizes. Mas na comparação Meryl Streep ganha. Em “A Escolha de Sofia” ela opera transformações radicais, varia o sotaque e ganha a platéia por sua paixão incontida e pelo romance com Nathan. Digam o que quiserem, mas para mim o papel da carreira dela pode facilmente ser encontrado aqui.

2 comentários:

  1. Não entendo esta fascinação hipnótica por Meryl Streep. Boa atriz? Sim. Simpática? Muito. Carismática? Decididamente, não. Há atrizes melhores que não recebem tanta atenção. Unanimidade neste culto? Não. Ela faz sempre o mesmo papel. Variando o tom entre a tragédia e a comédia, mas sempre a mesma.

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  2. E por haverem atrizes melhores, essa não pode ser valorizada?

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