Tintas de emoção. O cinza do luto, e a luz dos pequenos momentos. "Direito de Amar" é um daqueles filmes que fazem o público acreditar que o cinema ainda tem um coração pulsante, e que de tão ansioso de vida extrapola seus alicerces e dispara emoções ás cegas. É algo tão raro, que até surpreende. Mas é apenas o cinema bem dirigido e atuado mostrando sua cara.
Professor de literatura em uma universidade de Los Angeles, George Falconer perde seu companheiro de longa data em um acidente de carro. A cena é mostrada na abertura, ao passar pela imaginação de George, em uma seqüência sem igual. Seguem-se dias de perplexidade, até que ele decide colocar um fim na própria tristeza. Nesse dia especifico em que se passa a trama, George planeja uma maneira de se matar, enquanto cumpre seus afazeres habituais.
Tom Ford nos brinda com uma direção estilizada, magnética, insidiosa, honesta e até crua em certos pontos, mas que no fim acumula uma nota de amor desmedido pela vida e pela beleza que nela há. Não existe canto do coração do protagonista que fique guardado por muito tempo do publico: mesmo em sua solidão a sua fachada de impassibilidade pode ser desfeita e deslindada. Sua dor pela perda do companheiro, seu incomodo com a rotina mecanizada, sua angustia, são perceptíveis, ainda que discretamente.
O desempenho de Colin Firth é brutal em sua honestidade e acaba encaixando perfeitamente na fotografia matizada e repleta de contraste de Eduard Grau. Julianne Moore faz a melhor amiga de Falconer em uma participação pequena, mas digna de um Oscar, para o qual ela acabou nem sendo indicada.
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