A
década de 80 será lembrada por um filme que povoa até hoje o
imaginário de milhões de fãs. Dirigido por Steven Spielberg, “ET
– O extraterrestre” foi imortalizado por sua narrativa doce e
pela mensagem pacifica de esperança e amizade. Um bom filme, sem
duvida, mas que por razões sentimentais fica aquém de “O Vôo do
Navegador”, filme de 1986, dirigido por Randal Kleiser, diretor de
“A Lagoa Azul” e Grease”, tremendamente inventivo e econômico
em seu trabalho nas telas. O elenco desta aventura é mais enxuto que
o de “ET” e a carga dramática maior, envolvendo o expectador em
situações comoventes e viscerais. Aqui não se utiliza uma criatura
física como protagonista, mas um ser de dimensões tecnológicas,
dotado de inteligência, emoções e de uma grande dose de humor. No
centro do filme está David Freeman (Joey Crammer), um
pré-adolescente da Florida, que mora com os pais e o irmão caçula
em uma casa próximo ao mar
.
Quando
o filme começa é 4 de julho, dia da independência e David e sua
família está voltando de uma competição de lançamento de frisbee
para cães, e o garoto tenta desesperadamente fazer Bruzer, o
cachorro da família, se tornar um animal talentoso. O irmão caçula
dele, Jeff, percebe tanto a frustração do garoto com o cão, quanto
o sentimento que o mesmo parece nutrir por uma menina da vizinhança
e aproveita a oportunidade para espinafra-lo. Os pais de David são
pessoas amáveis e sensatas, e criam os filhos com liberdade, muito
carinho, mas também conselhos. É uma família feliz e o roteiro
trata de cravar esse fato logo nessa pequena introdução para que o
choque dos eventos futuros seja mais marcante para o expectador.
Chegando
em casa depois da competição de frisbee, Jeff pede para brincar
pelas redondezas com um amigo e David vai pedir conselhos ao pai
sobre sua atração por Jennifer, a menina da qual ele gosta. Mais
tarde a família decide sair de barco para lançar os fogos de
artifício que haviam comprado e jantar. A mãe de David, Helen (a
ótima Verônica Cartwright, de O
Oitavo Passageiro
e As
Bruxas de Eastwick)
pede ao filho que vá procurar o irmão, pois não quer que o pequeno
ande sozinho no bosque próximo a residência deles. No bosque, David
tropeça e cai num abismo, desmaiando por alguns segundos devido à
queda. Quando acorda e toma o caminho de volta para casa ele se
surpreende com uma estranha que abre a porta, e informa que ele deve
ter errado de endereço. Mas o lugar é o mesmo, o tempo é que
mudou, já que no período curtíssimo em que David ficou
desacordado, passaram-se 8 anos.
Acompanhado
da policia, que parece atônita com o caso do menino, já que nos
registros ele está declarado legalmente morto, David é questionado
sobre em que ano eles estão e quem é o presidente no exercício. As
respostas não batem com a realidade dos fatos e a confusão na mente
do menino só piora quando ele reencontra os pais, envelhecidos pelos
anos de angustia e sofrimento pelo desaparecimento do filho. Para
ele, o tempo não passou, mas todo o mundo a sua volta está
diferente, e até seu irmão caçula agora é mais velho que ele. É
uma situação surpreendente por si só, mas a explicação é muito
bem respondida ao longo do filme.
“O
Vôo do Navegador” também funciona como suspense em sua primeira
parte, quando médicos e cientistas tentam descobrir o que houve com
David e as respostas vem embaralhas. Existe disparidade entre o que o
menino diz e lembra e o que seu subconsciente transmite. O cérebro
dele envia aos computadores as imagens de uma nave e vários dados
criptografados. A nave, coincidentemente está de posse da NASA e a
empresa logo trata de contatar David e sua família para descobrir a
relação de ambos. Cansado da falta de respostas e dos transtornos
que os acontecimentos tem lhe causado, David revolta-se e decide
fugir, sendo guiado por uma conexão mental até o OVNI.
A
nave é um modelo Trimaxion, do planeta Phaelon, uma forma avançada
de vida, que vive centenas de anos luz da terra e que abduziu David,
no instante em que ele havia caído no abismo do bosque, para estudar
seu cérebro. A nave viajava por galáxias resgatando espécies que
corriam risco de extinção e transferiu para a mente do garoto
milhares de informações codificadas, importantes para a navegação
da maquina. David será, então, O Navegador, a pessoa responsável
por devolver á nave o que ela precisa, ganhando em troca o direito
de voltar para seu tempo, e para a família que conhecia.
Tudo
em “O Vôo do Navegador” soa familiar e encorajador. Desde o amor
imenso de David por sua família e desta por David. Da relação
antes infantil e depois repleta de maturidade e compreensão entre
ele e o irmão, e dentro da nave a amizade admirável que o menino
desenvolve com as criaturas que nela existem, inclusive a própria
nave, que parece ter vida própria e que é chamada carinhosamente de
Max. Com respeito por “ET – O extraterrestre”, um ótimo filme
desde sempre, mas o “Vôo do Navegador” é superior em todos os
aspectos técnicos e dramáticos, e ficará na minha memória como
símbolo de sua década e de muitas outras, por sua beleza
desbravadora e jovem.
Quais são as 3 cenas mais marcantes do filme, na sua opinião?
ResponderExcluirEu amo esse filme, Huan. Um dos mais marcantes da minha infância. Adorei sua análise. Vou procurá-lo pra matar a saudade.
ResponderExcluirNostalgia ❤️
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