Vou admitir. Com quinze minutos de exibição eu já estava convicto de que não iria acompanhar o filme até o final: ou dormiria na poltrona do cinema ou iria embora mesmo. O início é pouco próspero, constrangedor até, chegando á um ponto que, quem assiste não sabe bem dizer o que move a protagonista, por que no fim das contas nem a própria o sabe. Mas quando progride “Comer, Rezar, Amar” não apenas se torna um dos melhores filmes que você pode assistir como também, um dos melhores filmes que você pode assistir. É uma adaptação em tom de comédia romântica do best-seller autobiográfico da jornalista Elizabeth Gilbert, que em 2003 empreendeu uma jornada de auto-ajuda através de uma viagem pelo mundo.
Essa crítica vem de alguém que têm suas próprias angustias e anseios da vida, e, como a personagem verídica que Julia Roberts interpreta muito bem, sofre com a falta de equilíbrio físico e mental. Não é preciso elucidar o aspecto deplorável que o modo de vida urbano inflige ao homem e mulher modernos, sendo necessário – mas nem sempre oportuno – fugir daquela zona de conforto em que nos instalamos (família, trabalho, casamento). É o que faz Liz, que parte de Nova Iorque, deixando para trás um ex-marido magoado, um namorado triste, amigos e uma carreira de sucesso, para se aventurar durante um ano por três países com culturas totalmente diferentes. Primeiro, na Itália, ela aprenderá os prazeres do paladar, com muito vinho e macarrone, pizza e outras delicias (COMER), sendo iniciada no hilário dialeto italiano, com aqueles enfáticos e emblemáticos gestos. Aprende ainda a arte de não se preocupar, de não ser obrigada a ter sempre que fazer algo especifico e afinal, viver o momento. Aprende a ver a felicidade conjugal alheia e se sentir bem com a própria solidão.
Na Índia, terá que domar a própria paciência, abdicando do conforto físico para alcançar o conforto espiritual meditando e seguindo os mantras de uma guru hinduísta internacionalmente conhecida (REZAR). Também descobrirá, através da amizade com o texano Richard (Richard Jenkins), que não faz sentido continuar a se punir, pelas decisões difíceis que tomou para ir em busca da própria realização pessoal. Ali, em um retiro espiritual, onde Liz tem que acordar de madrugada, rezar, limpar o chão, almoçar em um lugar lotado, ela finalmente fará as pazes consigo mesma e com seu casamento falido, sem que para isso tenha que lamentar ou culpar-se pelos fracassos. As coisas que deixou continuarão sem ela, por isso ela desiste de se preocupar.
Finalmente em Bali, Indonésia, a americana completará a terceira parte desse ciclo, com a palavra AMAR ilustrando sua relação com o brasileiro Felipe (interpretado pelo espanhol Javier Bardem), também este divorciado e dono de um passado amoroso desastrado. Essa parte talvez seja a mais reprimível do filme; Javier Bardem perdeu aquele charme que tinha em “Vicky Cristina Barcelona”, e como não é bonito mesmo tudo acaba lhe faltando como par romântico de Julia Roberts. Esta ultima também têm seus tropeços – a cena em que se ajoelha na sala de sua casa, ainda em Nova Iorque, para rezar é meio embaraçosa e muito pouco crível. Mas a atriz se encontra quando chegam às cenas na Itália e na Índia. O saldo é positivo. O ganho mesmo fica por conta do turismo visual que o filme proporciona ao expectador, com boas tomadas de diversas locações nos três países.
Filme muito bom, elenco bom, história bonita... gostei... e vc tbm resume e faz uma crítica bem interessante.. parabéns...
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