“A Estrada” é um dos filmes mais angustiantes e tristes que já assisti. Fala de luta psicológica e esperança, e atinge o expectador direto no coração. Não é uma produção apocalíptica que segue o gênero ficção cientifica como em “Presságio” ou “Eu sou a Lenda”. É um drama, que utiliza o fator trágico do holocausto nuclear como pano de fundo para a tragédia de seus pouquíssimos personagens, na maior parte do filme são apenas pai e filho em busca de um motivo concreto para ainda continuarem vivos quando a vida em si já não existe.
A destruição impera ao redor, a atmosfera é cinzenta, as famílias que restaram cometeram suicídio coletivo e a própria esposa do personagem principal e mãe do único filho deste, interpretada por Charlize Theron, de tão devastada por aquela realidade decidiu que não queria mais viver e uma noite simplesmente saiu pela porta e rumou para a escuridão.
Adaptado do romance de Cormac McCarthy, autor também do conto que deu origem ao filme “Onde os Fracos não Têm Vez”, “A Estrada” não é um filme caloroso e tão pouco agradável. Ele nos segura pelo pescoço e nos obriga a acompanhar todos os minutos de dor que aquelas duas pessoas passam. Elas querem sobreviver. Mas por quem e para quê? Não ha mais nada ali para eles, e as raríssimas lembranças boas do passado existem apenas na memória do pai, já que o filho (vivido por Kodi Smit-McPhee, um jovem e promissor ator) já nasceu depois do cataclisma.
Não li o livro no qual o filme se baseia, mas avaliando apenas o trabalho do diretor John Hillcoat já se pode tirar algumas conclusões a respeito das intenções de McCarthy. “A Estrada” é uma jornada por uma America destruída e de horizonte longínquo e inabitado; o dinheiro não vale mais nada, as pessoas que restam vivem como animais, espreitando pelas sombras e o que resta são as lembranças. Apenas lembranças.
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